Olá a todos os visitantes deste blog :),
espero que gostem desta mochila, toda feita com materiais reutilizados, nomeadamente gangas, pedaços de tecidos, botões, cintos, pacotes de leite...
Um trabalho específico para um pedido especial.
CHAMUSCA TERRA DE TOUROS E FORCADOS
Pala decorada com partes de um cinto. Imagens transferidas para o tecido.
UM POEMA DEDICADO À CHAMUSCA E SUAS TRADIÇÕES
(Autoria de Carlos Santos Oliveira e publicado no seu livro "NO SANGUE CORRE-ME O TEJO").
QUINTA-FEIRA DE ASCENSÃO
Os pássaros acendem o dia
riscando o fósforo das suas penas
no voo de sombras do céu.
Os nós dos dedos do sol
embatem contra os vidros das janelas,
despertando o silêncio do sono
e invadindo as casas de luz.
Os corpos começam a agitar-se,
há um frenesi na alma,
e os pensamentos crescem como papoilas
cobrindo o campo das recordações
com pétalas vermelhas e felizes.
É quinta-feira de Ascensão!
O coração infinito do dia,
repicando como o sino da igreja Matriz
bate sem cessar no peito da Vila,
irrigando com o sangue da tradição
a vida de gerações de história.
O Tejo galgou o leito
e veio derramar-se no seio da povoação,
onde a Rua Direita de S. Pedro
é um imenso rio de povo,
uma correnteza imparável de gente,
que em gestos ansiosos e inquietos
e num vozeirio de excitação
já não pode conter o frémito do desejo
de participar na apoteose da festa.
E, finalmente,
soltam-se os cascos chispando no alcatrão,
as vacas e os touros investem bravamente
rasgando a distância e o tempo
com os cornos hasteados numa corrida furiosa,
ladeados pela experiente e serena
mansidão dos campinos,
empunhando enormes varas
que mais não são
que ponteiros de bússola
orientando o caminho da manada.
É assim,
nesta comunhão de urros, relinchos,
gritos e berros,
que as largadas de touros
desfilam pelo tempo
e se guardam,
carinhosamente,
como retratos felizes da memória.
MAIS UMA BOLSA PARA DOCUMENTOS
MARÍTIMA
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